Sampa 


SAMPA is an ongoing photographic project focused on the urban form of São Paulo. São Paulo twice destroyed and reconstructed itself in the last 150 years, and after World War II experienced voracious growth, becoming a rich, contradictory and complex metropolis that managed to retain a degree of formal coherence up until the early sixties. The decades that followed saw a rapid and continuing erosion of spatial clarity with the massive production of self-referential buildings, devoid of context. The ensuing formal and programmatic reductionism pervades architectural practice in Brazil to this day, and reinforces the incapacity of the state to adequately mediate the production of space. Thus Brazilians have grown accustomed to residual and dilapidated public spaces and have in turn compensated for this by first abandoning, and later internalizing the public realm, privatizing it within the boundaries of private condominiums.  The accelerated economic growth of recent years has revealed the utter obsolescence of the automobile-centric model of urban mobility, and calls for urgent and radical solutions and interventions on multiple fronts. It is in the midst of this mobility crisis that a major opportunity presents itself for São Paulo to revert its decay, and take possession of itself, so to speak. Negating the city is no longer possible.


SAMPA é um projeto fotográfico centrado na forma urbana de São Paulo. Nos últimos 150 anos, duas São Paulos distintas se sucederam, cada uma borrando a anterior, como palimpsestos. A São Paulo que cresceu vorazmente no pós-guerra e se transformou numa enorme e complexa metrópole, reteve certo nível de coerência formal urbana até o início dos anos 60. As décadas que se seguiram registraram uma rápida deterioração do seu tecido urbano, causada, entre outras coisas, pela fixação das gerações de arquitetos pós-Brasília por formas plásticas de fácil apreensão e pela busca de virtuosismo estrutural como um fim em si mesmo, resultando na produção massiva de objetos auto-referentes, desgrudados de contexto. Esse reducionismo formal e programático imperou e ainda impera na produção arquitetônica brasileira de hoje, e paralelamente reforça um marco regulatório funcionalista e simplório, equilibrado fragilmente entre o oportunismo corrupto dos políticos e a maximização de potenciais construtivos. Como consequência, a rua se reduziu a mero vaso comunicante e o universo do coletivo acabou privatizado, intramuros. À medida que a economia volta a crescer fica claro que o modelo de mobilidade baseado no automóvel está esgotado e exige respostas e intervenções urgentes e radicais, em múltiplas frentes. É a partir desta crise ambiental e de mobilidade que surge a grande oportunidade de São Paulo reverter sua trajetória declinante e apropriar-se de si mesma. A negação da cidade já não é mais possível.